domingo, 23 de outubro de 2016

A pele de vênus

Indico muito. Ótimo filme. Intenso demais.
Assistam, comentem.

https://www.youtube.com/watch?v=ZvTnyACKE-o

3 comentários:

diver bh disse...

Esse filme é uma leitura do cineasta polonês Roman Polanski do livro "A Vênus das Peles", de Sacher-Masoch, publicado em 1870. O filme, apesar de intenso, como vc mesmo comenta, não segue exatamente o livro. No filme, o próprio cineasta faz o papel de um diretor teatral que está montando uma peça baseada no livro, e busca uma mulher para o papel de Wanda, a protagonista de Vênus das Peles. O filme é centrado entre o diretor e uma candidata, e o debate entre os dois ocorre no campo intelectual, e a candidata, com a sua personalidade forte e dominadora, demonstra a capacidade de assumir o papel na peça. Sugiro a leitura do próprio livro. O texto é de domínio público e está disponível na net em pdf. Tem passagens belíssimas e extremamente excitantes. É impressionante como um texto consegue mexer com os sentimentos. Na sequência, vou postar um post com um pequeno trecho como exemplo...

diver bh disse...

"Compreendo agora minha situação e tento me levantar, mas Wanda, de pé, com seu belo e frio rosto de sobrancelhas escuras e olhos zombeteiros virados para mim, se impõe como senhora dominadora. Ela faz um gesto e, antes que eu pudesse realizar o que estava acontecendo, as três negras jogam-me no chão e amarram minhas mãos e pernas, depois os braços atrás das costas, como um homem pronto para ser executado, de forma que mal posso me mexer. - Passa-me o chicote, Haydée - ordena Wanda com uma inquietante calma. A negra o entrega ajoelhando-se diante da sua patroa. - E tira-me o casaco que é pesado demais. Ele me incomoda. A negra obedece. - A jaqueta, ali! - ordena ainda Wanda. Haydée traz a kazabaika enfeitada com arminho, que estava em cima da cama e Wanda veste-a com uma graça inimitável. - Amarrem-no nesta coluna. As negras me erguem, passam uma corda grossa em volta do meu corpo e me amarram de pé numa da colunas maciças que sustentam o baldaquino da enorme cama à italiana. Depois desaparecem bruscamente como se a terra a tivesse tragado. Wanda se aproxima prestamente. Sua roupa de cetim branco corre atrás dela como uma cauda prateada, como um raio de lua, sua cabeleira parece lançar chamas sobre a pele branca da sua jaqueta. Ela agora está em minha frente, com a mão esquerda na cintura, e o chicote na direita. Ela dá uma breve risada. - Nossa brincadeira agora acabou - diz friamente - Agora é sério, insensato. Eu zombo e desprezo aquele que, em sua cega demência, se entrega a mim parasse tonar o brinquedo de uma mulher orgulhosa e caprichosa. Não és mais meu amante, mas meu escravo, entregue à minha vontade na vida e na morte. Descobrirás quem eu sou! Antes de mais nada vais provar seriamente desta vez o chicote, sem tê-lo merecido, para que compreendas o que te espera se te mostras desajeitado, desobediente ou rebelde"

Disciplina BDSM disse...

Amo o livro e tudo que representa. E amei o filme. Sabe o que mais amei? Como Polanski consegue te prender com diálogos tão bem construídos com apenas dois personagens que são magníficos. Me perguntava durante o filme se o diretor falava dele ou se estava representando. Os diálogos se misturam o tempo todo entre real e representação. O final é simplesmente genial. Um filme leve, intenso, sensacional.